Maria José Rijo
Não sou princípio - Nem fim! -Sou um ponto no caminho- Daquela linha partida- Que vinha de Deus para mim!
Vencedores - Rui Nabeiro
Tinham-me recomendado um programa do primeiro canal da T.V. que valia a pena ver porque dava a conhecer gente muito interessante.
Gente que mercê do seu trabalho, iniciativa e coragem triunfara na vida e, tem hoje lugares de destaque na nossa sociedade em diversas actividades.
Nunca mais pensei nessa informação. Julgo mesmo que um dos nossos males é recebermos tanta informação, e tão diversa, ao mesmo tempo, que não chegamos a fazer uma triagem capaz e, ora nos enfrascamos de sucata, ora nos empanturramos de tédio e deixamos passar ao lado o que nos enriqueceria o espirito e lavaria a alma.
Mas, adiante, que a hora não é de filosofias de trazer por casa. A hora é de falar no conforto e alegria que nos dá, até uma certa vaidade, de conhecermos Gente, - com maiúscula – que merece enfileirar na lista dos notáveis. Pois não é que naquele dia de acaso em que decidi espreitar o tal programa, dei de caras com um sorriso bonacheirão, num rosto de expressão bondosa e inteligente que todos conhecemos? – Nada mais, nada menos, do que o Senhor Nabeiro, o nosso Homem dos cafés Delta! O nosso estimado vizinho de Campo Maior.
Fiquei a ver o programa, com interesse, e de repente dei-me conta dos meus sentimentos em relação ao que via e ouvia. Alguns depoimentos muito interessantes, outros com menos interesse.
Havia os que serviam da circunstância para fazer sobressair a importância das suas altas relações sociais, quero dizer: elogiavam por ricochete de modo a que o elogio retornasse á fonte, e lhes viesse aureolar a própria importância; e, havia, claro, os que de coração nos olhos, e nas palavras, estavam, quase, nervosos por não serem capazes de dizer todo o bem, e toda a gratidão que lhe desejam expressar.
Uma coisa, porém, ficou bem patente: - pelo menos
Mesmo assim, guardo dele uma memória de delicadeza e expontânea generosidade que me apraz recordar.
Uma certa vez, num determinado evento, reparando o senhor Nabeiro que um dos convidados para a festa não tinha lugar marcado, como deveria ter, dado que era pessoa, na altura, em destaque, antes que a gafe se tornasse notória, e mais humilhante para o ostracisado, levantou-se, foi cumprimentar e convidar para a sua mesa onde lhe fez lugar, muito embora a festa, fosse da sua responsabilidade. Um rei não faria melhor.
E, é este respeito pelo próximo, este ser capaz de se meter na pele do outro, mesmo em posições adversas, ou, muito principalmente nessas, é este humanismo atento ao próximo, estou convencida, esta atenção às pequenas coisas, que faz parte dos segredos do seu sucesso.
Porque uma coisa é vencer, ganhar a batalha da vida adquirindo bens. Outra – a mais importante – ou a única que vale a pena – é não se convencer que a riqueza e o poder são tudo. É continuar Pessoa, ser Humano sensível, é ter a mão estendida para o outro. Sabendo que o outro, somos nós.
Parabéns.
Maria José Rijo
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Conversas Soltas
Jornal Linhas de Elvas
Nº 2.681 – 25 – 10 –2002
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