Maria José Rijo
Não sou princípio - Nem fim! -Sou um ponto no caminho- Daquela linha partida- Que vinha de Deus para mim!
“Exortação Ao Meu Anjo”
Este é o titulo de um poema de José Régio, do qual, mais do nunca, me vem à lembrança algumas estrofes. Nesta época um tanto conturbada, ou, politicamente confusa – também assim se poderá dizer – que a nossa cidade vive.
Cada um de nós, crentes ou não crentes, por certo já viveu, pelo menos uma vez, qualquer circunstância que nos fez invocar a ajuda de uma qualquer divindade ou entidade que consideramos acima das nossas capacidades humanas.
Pois quer o tivéssemos feito, quer não, parece-me ser este, também, o momento certo para que cada um de nós exorte o seu anjo e lhe reze usando o poema de Régio
“Quando a verdade, que é nua,
Me cegar como um sol, e eu me voltar para onde há lua,
E procurar jardins convencionais e plácidos,
Queima-me com os teus olhos ácidos!
Quando eu julgar, falando dizer tudo,
Faz ante mim sorrir teu lábio mudo!
Quando eu me poupe a falar,
Aperta-me a garganta e obriga-me a gritar!”
Penso que a prepotência, a falta de senso de justiça e tudo o mais que atropela e ofende a nossa dignidade como elvenses, pessoas de bem que somos, e como cidadãos de direito, clama a uma só voz que - se nos acomodarmos – nos recusarmos a falar – a agir, - como é nosso direito e nosso inadiável dever – o “nosso anjo”nos aperte a garganta e nos obrigue a gritar:
Senhor Vereador Rondão Almeida
Soberano, aqui é o Povo.
O Povo que exige ser respeitado nas suas escolhas.
Presidente de Câmara, não é lugar vitalício!
A sua hora, passou.
Acredito que, quando o ouvíamos repetidamente afirmar com ênfase:
- “no meu reinado! no meu reinado!”se tratava apenas de uma figura de retórica.
Não nos leve a crer que se tratava de íntima convicção,
porque – isso - seria assustador…
Está na hora de se afastar com a dignidade que ainda lhe for possível – depois dos lamentáveis episódios de que foi protagonista, querendo ocupar um cargo que já não lhe pertence - até porque, também a “comenda” que lhe foi atribuída acresce as suas obrigações de civilidade.
Talvez assim., ainda possa ser recordado com alguma simpatia e gratidão que, ao logo de vinte anos, por certo, também terá merecido, e, não exclusivamente, por aqueles que, por seu desígnio, a nossa Câmara tão ostensivamente endeusou …
Preocupada, como todos os elvenses, mas ainda confiante num desfecho digno
Maria José Rijo